12 de outubro de 2022

Franz Kafka e a Boneca Viajante


 “Franz Kafka, conta a história, certa vez encontrou uma menininha no parque onde ele caminhava diariamente. Ela estava chorando. Tinha perdido sua boneca e estava desolada. Kafka ofereceu ajuda para procurar pela boneca e combinou um encontro com a menina no dia seguinte no mesmo lugar. Incapaz de encontrar a boneca, ele escreveu uma carta como se fosse a boneca e leu para a garotinha quando se encontraram. “Por favor, não se lamente por mim, parti numa viagem para ver o mundo. Escreverei para você das minhas aventuras”. Esse foi o início de muitas cartas. Quando ele e a garotinha se encontravam ele lia essas cartas compostas cuidadosamente com as aventuras imaginadas da amada boneca. A garotinha se confortava. Quando os encontros chegaram ao fim, Kafka presenteou a menina com uma boneca. Ela era obviamente diferente da boneca original. Uma carta anexa explicava: “minhas viagens me transformaram…”. Muitos anos depois, a garota agora crescida encontrou uma carta enfiada numa abertura escondida da querida boneca substituta. Em resumo, dizia: “Tudo que você ama, você eventualmente perderá, mas, no fim, o amor retornará em uma forma diferente”


Se  compreendermos isso, será de grande ajuda nesse caminhar da vida.

6 de outubro de 2022

Coragem





Eu olho pra traz e penso : como fui corajosa.

Eu olho pra frente e penso: vou precisar de mais coragem.

Eu olho pro agora e penso: a coragem me trouxe até aqui. 

Minúncias

Ele tem "olhos de ressaca"... De águas que correm por mim inteira.

5 de outubro de 2022

"Faz sentido pra você?"

Nosso diálogo e a pergunta
 "faz sentido pra você? "esteve em vários momentos.
Depois que nos despedimos pensei:
 Ele faz essa pergunta a si mesmo? 
Deve fazer...
Mas será que ele também se pergunta:
O que hoje não faz mais sentido pra mim?
Eis uma ocasião de reencontro
Ainda faz sentido ser frio como cinza?
Ou prefere ser quente como o fogo?



Sem você não faz sentido
Ass: sinestesia

24 de janeiro de 2020

O que será?

Sorte ou azar?
Só sei que é FORTE!
Trouxe até um trevo para dar SORTE!
Respirando a sua/minha vontade
Despeço-me sempre já com saudade.
Quem diria 
 Lembrar de você dia-a-dia
Mas quer saber?
O futuro eu realmente ignoro
 Apenas cale a minha boca
Do jeito que eu adoro!

Traduzindo-me


Sinto-me lida por teus olhos,
muito mais do que pelas minhas palavras.

23 de janeiro de 2020

Encontro

 

"Quem se conhece por escrito, encanta-se pela alma".

21 de janeiro de 2020

Falta


Acordei bemol
tudo estava sustenido
Sol fazia
só não fazia sentido.

Paulo Leminski

20 de janeiro de 2020

Reverberando

Hoje, mais uma vez, eu bem-te-ouvi meu beija-flor.

19 de janeiro de 2020

Vamos terminar?


Inacabado,
é tudo aquilo que revoa na madrugada sussurrando
feito chuva fininha
que a gente não sabe se dorme, ou se olha.
Inacabado,
é tudo que vai pra terapia
o que nos desperta suada
num escândalo bonito de farra etílica.
Inacabado,
é tudo aquilo que ainda é
mesmo que fuja
mas grita ao mergulho da tinta na caneta.

Sem palavras.

Ele não profere uma única palavra.

E eu penso:
Gosto tanto de você assim instrumental.

11 de janeiro de 2020

Vo[ar]

Antes eu vivia sonhando com passos de asas
Hoje sonho com pés no ar
Há recantos que só as asas alcançam
Só elas dançam
Sozinhas ou em par.

Minha vontade de céu não é de agora
Sempre tives asas falantes
Elas voavam nas letras dos poemas
Em meus dias de fuga e dilemas
No meu depois e no antes.

E nesse passo descalço e colorido
Abro estradas no céu e ouso
Danço estrelas cadentes
Pinto pôr do sol e poentes
Viro asas, borboletas e pouso.

Traduzindo-te





Até Chico diria
que teu poema
é sinestesia.


Arrepio de alma
que grita
o que o olhar balbucia.


Tua cena
teu improviso
Onde posso ler
sentidos, gosto,
gozo e riso.

Minha textura

Não sou o que se pode chamar de uma pessoa silenciosa. Meu riso é de ordem direta, mas também não costumo aceitar grosserias ou injustiças. Não tento acomodar o destino ao meu gosto, ele viaja livre e eu estou sempre de malas prontas para acompanhá-lo. Tenho uma criança  interna travessa e feliz. Às vezes percebo-me indecifrável, pois de perto ou de longe, a neblina é a mesma. Gosto de preservar minha intimidade e  apesar de não ser silenciosa , preciso  ficar  quietinha de vez em quando. Perco-me em olhares trocados, que remetem a probabilidade de risada. Prefiro costurar convivência, do que tentar remendar as ausências.  Persigo a abstração do mundo em sua melhor essência. Muitas vezes perco o rumo, perco a paciência, mas nunca a determinação. Costumo reverenciar minha criança, respeitar as diferenças e admirar as mudanças. Bom humor é mola mestra em minha vida. Não conheço lugar melhor para recarregar as energias, do que o colo e o afago. Permito-me buscar  e redescobrir meus encaixes diariamente. Quando o tempo fica indeciso eu decido não ficar e sigo toda verão. Tenho mania de ser teimosa, mas aprendi que algumas concessões são válidas. Andei procurando uma textura pra minha vida e a melhor que eu encontrei foi sorrir.  =)

Diferenciado

Gosto de "sorriso que pisca" paquerando
e de "olhos que sorriem" beijando.

10 de janeiro de 2020

Registro



De um jeito angelical e valente
ou as duas coisas,
eu te quis desde o primeiro momento.
Uma vontade de te aprender que não acaba,
querendo que você me aconteça incontáveis vezes pelo caminho. 

9 de janeiro de 2020

Entrelaços em nós.

Sem nó
Um só
Dois nós
Nós dois
Entrelaçados
Laços com pernas
Abraço em laço
Aperto de perto
Presente hoje
Passado amanhã
Futuro sempre.
Coisas de quem sente.

7 de janeiro de 2020

Responda-me...

Ocupa o silêncio comigo?
De uma forma cautelosa
Passo a passo
Como um estado de mergulho e entrega.


Constrói as palavras também?
Fecundando páginas
Letra a letra
Como um poema entornado dos dedos.


Derrama teu fôlego em mim?
Servindo-me meia taça
Gole a gole
Como um suspiro que não cabe ensaio.

Nua


Não consigo abotoar meu corpo depois que você me despe com palavras.

5 de janeiro de 2020

Termal




Sou parte dessa arte quente
da agitação branda 
do sussuro do fogo - e da falta.
Sou vórtice termal
 de arrepio desenhado no pescoço
 e suspiro em naquim.

Sou Angélica
não sou querubim.

29 de dezembro de 2019

Idílico


[Ao te imaginar]

Cada centímetro de arepio da tua pele
é um pedaço já tateado pelos meus olhos fechados.

Degustando

A poesia convida o vinho pra escrever sorrisos rubros
Sua voz encaixa no meu arrepio, enquanto Chico Buarque eterniza o nosso momento
Degustamos o branco e o tinto da nossa história
A vela está acesa , nossos corpos também.
" Eu gostei dessa oportunidade"

26 de dezembro de 2019

Plácido

Quando entrei, era inércia.
Por intuição, em uma cadeira intitulada paciência:
 eu esperei.
Havia muita reserva e com isso pouca conversa.
Percebi desde então,
o prazer subjetivo do silêncio e da confissão.
Tenho uma alma inquieta,
que não permite que eu me prenda,
 ou me perca.
  Dizeres fotográficos são registrados na vidraça do meu corpo,
onde para cada pelo,
 há um arrepio de desejo voraz.
No movimento oscilante de ir para voltar,
eu fico.
Sou flauta tocando convívio doce. 
Permaneço na escrita,
deixando em algum lugar -  não sei onde,
 tudo o que foi fragmentado.
E quanto a ti,
 percebo que há algo de érotico na inteligência,
 pois ela é,
despudoradamente atraente.
Traduzindo minha intenção em palavras,
 eu digo:
queria que ao ler o que escrevo, 
você se sentisse poesia.

22 de dezembro de 2019

Faremos acontecer.

A gente se encontra.
Como sei? Eu não sei.
Mas a palavra tem poder.
[imagine as atitudes!]

20 de dezembro de 2019

Retirei os cadeados




Nunca me agoniei com o escorrer do tempo, mas admito meu gosto pelo olhar envolvendo-se com a memória. O inesperado me trouxe de volta à escrita.  Escrever histórias ou vivê-las?  O que de fato quero que sobreviva através dos meus escritos? Combinei com as letras de arrumar os armários. Organizar o sentir sempre vale a pena, mesmo que o outro desconheça do que se trata nossa linguagem. Deixo de ser e sou a cada texto. Muitos rascunhos ficaram perdidos dentro da bolsa. Outros, ficaram pendurados nas chaves que esqueci na fechadura pelo lado de fora. Resolvi tingir o asfalto com os pneus da minha bicicleta. Dia de sol. Sem nenhuma nuvem de chuva no céu. Descobri que de fato, o "pecado" mora ao lado. É uma luxúria tipo escritos de Jorge Amado: "por fora água parada, por dentro uma fogueira acesa." Adorável de ler, sentindo. 

25 de setembro de 2017

Janelismo

Cheia de emoção é a janela
Testemunha de coisas fora e dentro
Alento ou desespero de quem nela está
Ventos a musicar a madeira
A janela não nos tranca
É esperança quando se fecha a porta
Acomoda desde pessoas aos adesivos da adolescência
Há vários tipos:
Janela do transporte
De casa
Do hotel onde estou
Da alma
E a do coração
Que as vezes alguém quebra
E não se dá o trabalho de consertar
Janelismo é uma arte
Basta saber para onde olhar.

31 de julho de 2016

Esperar o tempo de colher


Digitei e apaguei tantas vezes o texto dessa postagem, que cheguei a conclusão que não é tempo de colher as palavras. 
(ainda estão verdes)

20 de julho de 2016

Sentimento

O sentimento é maior do que a circunstância. Define a pele do dia – além das aparências profissionais e de lazer – pelo estado de espírito: ora você veste a esperança, ora você veste o amor, ora você veste a fé, ora você veste o humor. Você veste o que sente.
HOJE, SAÍ VESTIDA DE SORRISO. 

2 de julho de 2016

Conexão



Hoje voltei a caminhar por aqui.
Revi trajetórias, refiz alguns planos, silenciei.
Refleti não para dar respostas a mim ou aos outros, mas para formular melhor meus questionamentos.
Eu me recuso a ser apenas algo que passa. Preciso ter conexão a um sentido.
Eu não finjo que sei. Estou sempre em busca de saber. Não conheço perigo maior para o crescimento, do que a acomodação.
Precisamos saber apreciar as diversas emoções que sentimos, e nessa velocidade constante do mundo, só conseguimos isso, pausando.
Foi pausando que percebi que não há perenidade na felicidade. Ela é epsódica e de quando em quando, temos a benção de sentí-la.

Coração demais!

O polvo tem oito tentáculos e três corações...
Não me admira que viva tão pouco.
Coração demais dá nisso!

Presença




Nenhuma aflição perdura quando escrevo. Pareço derreter quando as palavras passam por meus dedos. A insônia é uma espécie de presença afetiva que vaga noite adentro. Escrever espalha e junta muitas coisas por aqui. Nada é à toa. 

Porque preciso...



“E todos os dias ficarei tão alegre que incomodarei os outros,
 o que pouco me importa,
 já que eu tantas vezes sou incomodada pela alegria superficial e digestiva dos outros.
 Pronto, encontrei uma boa fórmula: poucas vezes a gente encontra pessoas cuja alegria não seja somente digestiva.
 Concorda?”


(Carta de Clarice Lispector para Elisa Lispector – Nápoles, 29/01/45. Extraído de: Minhas queridas – Clarice Lispector, org. Teresa Montero, Ed. Rocco, p. 74)

27 de outubro de 2014

Novamente aqui...



Rubem Alves diz que : " Poesia é qualidade do olhar."E deve ser mesmo... Ele também dizia que: "De vez em quando Deus me tira a poesia. Olho pedra, e vejo pedra mesmo."

Acredito que isso aconteceu comigo por um tempo. 
Fechei meus olhos,
Meu olhar dormiu no esquecimento.


Contudo, meu silêncio foi meditativo.
O silêncio não afasta nada. Isso eu descobri bem rápido.
Nada está fora do alcance.
O silêncio até traduz e aproxima melhor.
É imersão. 






4 de fevereiro de 2014

Aqui comigo







Nunca é a resposta que nos falta - é a sua aplicação. 

A ampulheta esvaziou janeiro rapidamente.Gosto sempre de imaginar que o melhor estar por vir. É sentindo que meu sorriso abre o apetite. Adoro quando olho nos olhos do outro e isso me arrecada exclamações. É gostoso perceber que a vontade é como uma roupa de dormir dobrada em cima da cama, que toda noite eu a encontro. Sou um fracasso na adoção de motivos para ser racional. É o máximo quando o mínimo me emociona.Não devemos permitir jamais, que "os fantasmas que habitam a história do outro" anulem o nosso repertório de estar feliz.




Todo dia eu acordo com o propósito de alimentar 

a simpatia do meu sorriso de covinha.
:)

14 de janeiro de 2014

Um pouco das minhas pétalas...

Eu me apego e não nego. Não gosto do meio-morno, nem do meio-termo. Prefiro rebeldia à letargia. Minha testa faz ruga quando algo me perturba. Gosto quando dá tempo de repartir antes de ir. Não gosto de nada aguado ou requentado. Para desestressar?  Dançar ou fotografar, porque escrever é para me salvar! Faço bico, quando sinto àquele ciúme esquisito. Guardo dengo aos molhos e  adoro delicadeza nos olhos. Passo looonge de ser discreta, falo muito e sou sapeca. Sou das que agarra beijinho com a mão e guarda no coração. Gosto da impossibilidade possível, do imprevisível. Gosto de ouvir o que o ar tem pra contar. Os sorrisos? Não sei guardar só pra mim, sou assim. Eu flerto com a alegria, sou do dia.

3 de abril de 2013

Classificando



Saudade: 1. pedaço de tempo após a despedida; 2. ausência de covinhas;  3. motivo de voltar; 4.urgência do que já foi embora; 5. oposto de esquecimento; 6. fusão da lembrança com a vontade; 7. sinônimo de melancolia; 8. antônimo de indiferença;  9. necessidade de serenatas; 10. inspiração dos poetas; 11. estrofe dos sentidos impressa na alma; 12. visita invisível de quem partiu (ficando).

2 de abril de 2013

Das coisas simples.






Passava os dias ali, quieto, no meio das coisas miúdas.
E me encantei.


Manoel de Barros

4 de março de 2013


Se não for hoje, um dia será. Algumas coisas, por mais impossíveis e malucas que pareçam, a gente sabe, bem no fundo, que foram feitas pra um dia dar certo.

 Caio Fernando Abreu

14 de janeiro de 2013

O tempo


Há dias nublados. 
Para esses dias Deus providenciou pingos coloridos
 e os chamou de : AMIGOS!

1 de janeiro de 2013

Coisas de Angélica.




Há quem passe reveillon com fogos de artifício por fora e nenhuma explosão por dentro. Estar feliz artificialmente não é pra mim. Nunca suportei nem ser lida de forma rasa, por gente que não tem profundidade nos olhos. O momento me escreve e eu a ele. Nesse ano que termina, eu segui caminhos escorregadios e traiçoeiros, mas Clarice é muito sábia quando diz: “Perder-se também é caminho”. Foi errando os passos, que percebi qual era a estrada de terra firme e cheia de luz. Tive na vida muitos encontros e muitas despedidas (quem me conhece sabe disso). Às vezes a saudade se disfarça de sorriso só pra nos proteger. Saudade é coisa profunda em mim. Mas os afetos, eles sim me preenchem.  Os afetos vão longe e eu também.  Mas prefiro ir longe a ser alguém com a porta aberta e que ainda assim se sente aprisionada. Alguém com medo de sair e se perder, sem se dar conta de que já está. Manuel Bandeira tem razão. "O que não tenho e desejo... É o que melhor me enriquece..." A busca nos move.  A expectativa, o desejado, o não alcançado. Aprendi desde pequena que não é certo empurrar. Seja pessoa, coisas a fazer e menos ainda os sentimentos. A amarga doçura de procurar até encontrar. Sou movida por seguir... Foi assim que sobrevivi. Foi querendo as exceções. O querer não pode transformar-se jamais em “tem que ser assim”. O sentir também não. Sentir não pode ter vias obrigatórias, ninguém sente porque tem ou porque é melhor assim. “Em quem você pensa logo ao acordar, antes mesmo de abrir os olhos e saber-se vivo (a)?” Se você não esta do lado da sua resposta é porque está no lugar errado. “Nunca desista de alguém que você não consegue passar um dia sem pensar”. O pensamento nos despe despudoradamente. A gente pode até não falar, mas pensa. Não telefonar, mas pensa. Não ir procurar, mas pensa. É a famosa sede-de-estar-pertinho. É incrível como mexe conosco. É uma ansiedade que nos faz engordar. Uma tristeza que nos faz emagrecer e uma felicidade que faz a gente se sentir linda estando magra ou gorda. Hoje me pergunto: quando a gente se joga no abismo de olhos fechados é por coragem ou medo de abrir? No tsunami do envolvimento, nunca nos apresentam o meio termo. Nada morno tem graça mesmo, pelo menos não pra mim.  Tenho um jeito bem peculiar de enxergar a vida. Um jeito só meu. É por isso que talho palavras com os dedos. Começo textos novos como quem se dá a chance de viver tudo outra vez. Mas a vida não tem como programar, pelo menos não efetivamente. Não há garantias e às vezes por mais que a gente corra muito atrás, precisamos respirar fundo e sossegar. Já dizia Guimarães Rosa: “esperar nada é, a meu ver - e pelo menos hoje, agora, amanhã já não sei - o melhor a se fazer.” Porque sentir não tem precisão, que dirá pressa. 



24 de dezembro de 2012

Cal(maria)


“O coração do homem pode fazer planos,
 mas a resposta certa dos lábios vem do Senhor”. 
Provérbios 16:1

Cheiros, sons, papéis escritos e guardados, contatos, fotografias, realizações, lembranças, sorrisos felizes e borrados, conquistas, histórias doloridas que machucaram corpo e alma. Tudo é um ciclo. Há dias venho pedindo licença a caneta e desculpa aos papéis. O pensamento é um transporte poderoso, chega rápido onde preciso. Mas hoje as letras cigarras fizeram barulho juntas na busca de sair da alma para o papel. Dia após dia, testemunhamos o aprendizado do nosso sentir, bem como a mudança de foco na percepção das coisas que vivenciamos. Lembrei-me das palavras de Mário Quintana: "No dia em que estiveres muito cheio de incomodações, imagina que morreste anteontem... Confessa: tudo aquilo teria mesmo tanta importância?" Percebo que de fato não tem mesmo. Refletindo a gente apura o sentir e enxerga a porta de saída. Sofrer não é o idioma da vida. Acumulei buscas até entender que meu caminho estava ali ao meu lado. O espaço do tempo fortalece as coisas. É um tipo de fogo que queima sem consumir. As vezes há muitas correspondências e poucos assuntos. Tudo tem haver conosco e disso nunca mais esqueço."Até o lixo que a gente joga fora fala de nós." Ressignificar as coisas é uma espécie de sol que entra coração adentro limpando o mofo das mágoas. Tenho aceitado meus limites e perdoado  os enganos do meu sentir (se leu isso e se encaixou, é porque deve ser pra você mesmo). Hoje entendo que algumas pessoas desistem de nós, porque já desistiram delas primeiro. Errar nunca me assusta, me assusta mesmo é a falta de ousadia. O foco do meu coração está nas coisas que ficam, como a pastinha onde guardo os desenhos e bilhetes que recebo dos meus filhos, a cadelinha que veio para nossa casa preenchendo os dias de alegria, os passos que dei para vencer meu medo de altura, meu aniversário cercado das pessoas que amo, o curso de fotografia que finalmente fiz e outras tantas coisas que realizei. Sou flecha lançada, não tenho volta. Meu sentir fez um pacto de fidelidade com minha infância, por saber que a maior das audácias é o intervalo da brincadeira virar oportunidade.

3 de dezembro de 2012

Reencontro



Um poema não é uma palavra que se perde no vento...
Fica registrado nas pedras, 
Vive, respira,
Tal como um ser pensante 
Grita que existe.
E muito embora 
Por vezes atirado em um livro qualquer
De uma biblioteca qualquer
Soterrado pela poeira do tempo
Em qualquer canto do mundo...

Quando um leitor comum
Enfim o encontra,
O poema
Limpa a poeira do seu paletó,
Olha as horas no seu relógio de bolso,
Pergunta a data,
E diz, como quem não quer nada:
‘Até que enfim... companheiro
Não sei se sabes...
Mas eu estava justamente à tua espera’.

Mário Quintana

10 de outubro de 2012

Registro


Os momentos
 fogem pelas lentes
e se jogam dentro do porta retrato.

16 de setembro de 2012

Lado a lado

 

 
Quando Jesus lava os pés dos Apóstolos na tarde de Quinta-Feira Santa, Ele olha-os de baixo para cima e é nesse momento que Ele nos ensina uma lição sobre o amor.

É necessário ter humildade para amar, pois o amor não pode olhar o outro de cima para baixo.

11 de setembro de 2012

20 anos



 
Na xícara de louça branca, o café preto.
 Minha mente em silêncio senta à mesa.
 Hoje é dia comum. Há trabalho. Há compromissos. Há estudo.
 Só não há graça.
 Amanheci com olhos molhados.
 Quase ninguém sabe. Quase ninguém lembra.
 Pareço pálida, mas é melancolia. 
 Cabeça entre as mãos.
 O café está com gosto estranho. Será que alguma coisa caiu no café? 
Eu brinco de fugir. As lembranças brincam de me achar. 
Em dias como esse, eu vou.
Um passo e meio de distância. As vezes meio passo. 
Preciso seguir.
 São 20 anos profundos. Lá atrás, ficaram marcas bonitas. 
Pares de pegadas, colo, mãos no cabelo,
 leituras e longas horas de conversa,
sobre a vida e sobre Deus.
 Eu tenho usado aquele kit sobrevivência que você deixou,
mas nem com ele eu consigo sair ilesa dessa saudade.
 Sem seu abraço eu sinto frio.
 (lágrimas)
Pai, nem sempre tenho certeza se estou indo no caminho certo ou que você gostaria,
mas é assim mesmo, no fim tudo se ajusta.
 

4 de setembro de 2012

Para o amor tudo é pouco


Amor, fica um pouco comigo?
Hoje não dá tenho muito trabalho.
Passei só pra te dar um beijo.
Ah fica um instante...
Tá bom, mas não posso demorar.
Poxa, fica só um tempinho...
Um não, dois tempinhos comigo.
Ok dois tempinhos, mas depois vou embora.
Que tal você ficar um tempão?
Um tempão? Mas isso é muito!
Isso amor, fica muuuuitãooo assiiiiiiiiiiiiiiiiiiim.

26 de agosto de 2012

Corações sintonizados


"Sintonia é coisa de espírito, veio do antes, e pertence ao sempre."

20 de agosto de 2012

Chão e caneta.


Eu escrevo dançando vogais em pé
Palavras para extenuar o corpo
O certo por um intinerário torto.
O corpo é poema no salão
Perco o rastro no passo
Nunca no coração!

12 de agosto de 2012

Quando o coração sobressai.



Eu ter ido, foi por causa de Deus. 
Agora eu ter ficado, foi por sua causa.

5 de agosto de 2012

Minha escrita é o trajeto.


Tudo pode ser mudado de última hora, ou não. Não há guia quatro rodas e não há distância que não consiga ser vencida, tudo pode ser/estar ao lado. É assim quando escrevo. Eu não me importo muito com o destino, e sim com o trajeto. Muitas vezes é necessário pernoitar. As inspirações não necessitam  de dias de sentir para poder deitar na folha. Às vezes escrever me leva de volta a lugares que já estive e acreditem o texto reescrito nunca é o mesmo. Eu sempre estou mais interessada nos motivos pelos quais a escrita me faz seguir. Interesso-me em escrever sobre o que me emociona e certamente não são as "coisas perfeitas", porque é justamente a imperfeição que torna tudo mais humano. Cada chegada e partida no papel são diferentes. Percebo que o texto se embrulha parecendo um origami e cada dobra precisa ser descoberta em seus detalhes. É escrevendo que me refaço. Na escrita eu não "faço coisas" na verdade, "sou as coisas feitas".