24 de dezembro de 2011
25 de novembro de 2011
O momento decisivo é o dedo na garganta!
E ler, ler é alimento de quem escreve. Várias vezes você me disse que não conseguia mais ler. Que não gostava mais de ler. Se não gostar de ler, como vai gostar de escrever? Ou escreva então para destruir o texto, mas alimente-se. Fartamente. Depois vomite. Pra mim, e isso pode ser muito pessoal, escrever é enfiar um dedo na garganta.
Caio F.
10 de novembro de 2011
Mesmo ainda no escuro, eu não erro o caminho.
Eu teria ido lá dar comida ao gato se eu tivesse um. Deveria ter deixado ao menos uma fresta da janela aberta, para às coisas não mofarem e o abandono não se formar junto com as teias de aranha. O pó do tempo não encobre nada. Ainda havia desassossego nos livros desarrumados. Ao retornar, passo meu olho quente sobre os guardados gelados, ando tão enfastiada do frio. O cheiro era o de sempre, feito digital. Também haviam coisas que pareciam existir de propósito. Eu, que achava que os ruídos arrepiavam os pêlos do braço, percebi ali que o silêncio quando oco, faz isso também. Xícaras de café intactas sobre a mesa, demonstram que apesar de esfriar, certas coisas são como as palavras, elas sobrevivem.
2 de novembro de 2011
Sob medida

Eu quero uma companhia de alegrias e fadigas. Que ande comigo e ajude a manter meu coração descalço. Que nossas fotografias abram os olhos para nunca parecerem indiferentes. Nenhuma torre será alta demais e nenhuma fada sera expulsa do conto. Vamos decretar que as estrelas caem de maduras, por isso o pedido precisa ser rápido, para não apodrecer no esquecimento. Os ciúmes podem ser disfarçados e os telefonemas do tipo "quero te ver". Que a gente faça arte andarilha com nossos chinelos desempedidos de caminhar. Quero mudar o sabor do vinho ao beber junto. Confessar uma culpa que nem carrego, se isso o fizer sorrir. É preciso que não haja minutos de silêncios glaciais e que a nossa janela é que faça a paisagem. Que a gente não deixe a vida ser carrasca de nos gastar o tempo sem estarmos juntos. Preciso de alguém que pegue o dia desajeitado e o ajeite num passeio à dois de bicicleta. Que eu durma ao lado do telefone esperando ele tocar. Uma companhia que tenha fome no olhar e que provoque cócegas nos meus olhos. Alguém que eu deseje ter ao lado ao acordar e que quando me olhe, eu pense: raras vezes na vida, alguém me olhou assim.
1 de novembro de 2011
22 de outubro de 2011
17 de outubro de 2011
Tambores em silêncio.
Por fata de assunto ou excesso, "a caneta" calou.
Ja não sei a medida da bagunça indecorosa e de toda proximidade das roupas sobre a cadeira.
Sentimento mosaicado, com peças jogadas para todo lado.
As vezes a dessarumação é uma etapa eliminatória.
[ Eventualmente indispensável para que as coisas tomem forma.]
Tenho dialogado comigo para dizer; mas logo em seguida, já não quero dizer mais nada.
Não quero "tagarelar". Quero apenas examinar a alma.
Considerar o vazio de fora, aqui dentro. [ "Escutar a chuva chegando"]
Tenho vento nas folhas.
Por dias, as palavras brincaram comigo de esconde-esconde.
Eu fiquei ali quietinha e não trapaceei.
Meu espírito precisava ser encontrado... Foi por isso que se recolheu.
Estou aqui novamente.
14 de outubro de 2011
13 de outubro de 2011
28 de setembro de 2011
26 de setembro de 2011
Escrita anódina.
Não há escrita vaga.
Escrevo para conciliar o inconciliável.
Palavra entre multiplicidade e unidade. Incontornável.
Letras seculares, palavras-crença.
Presença real da fala em toda sua pertinência.
Escrever não só o vivido,
mas o vivido carregado de representação.
Escrita-marca. Escrita-incisão.
Essência-escrita. Dita.
Possibilidade anunciada sem véu. Busca que se desloca pro texto.
Pretexto de ir, ficando no papel.
22 de setembro de 2011
Sem queixas...
Há ocasiões em que não consegues nada,
nem um sorriso, outras em que consegues tudo,
até cartas de recomendação.
Não te queixes, nem te gabes.
Era que os anjos estavam brincando de rapa-bota-tira-deixa…
E a tua história quotidiana é tecida ao acaso dos lances.
Até que sobrevenha o R do rapa-tudo.
(Aí então os anjos te recolherão.)
Mário Quintana in “Sapato florido
21 de setembro de 2011
16 de setembro de 2011
15 de setembro de 2011
Por onde seguir...
Gostaria que as respostas de que preciso, vinhessem por escrito,
tipo manual de instruções do veículo.
Ligo o carro e sigo.
O som até seria uma boa companhia, se cada música não fosse um registro nítido de vivências.
[Certos sentimentos não precisam ser ilustrados com lembranças,
tipo manual de instruções do veículo.
Ligo o carro e sigo.
O som até seria uma boa companhia, se cada música não fosse um registro nítido de vivências.
[Certos sentimentos não precisam ser ilustrados com lembranças,
até por já serem explícitos demais.]
Dirijo horas constatando que não sei por onde ir.
Dirijo horas constatando que não sei por onde ir.
A verdade é que; às vezes a gente não vai, não por falta de vontade ou de combustível, mas por falta de estrada.
Não há caminho. A ponte está quebrada.
A placa diz: PARE!
Nem cartomante podia "me abrir os caminhos" agora.
Retorno e fico dando voltas...
[É massacrante dirigir para lugar nenhum.]
Penso no caminho de volta. De volta pra onde?
Para minha vida talvez?
Continuo o trajeto.
Não procuro mais atalhos pra voltar.
Sigo em frente e o percurso me dá tempo suficiente,
para atualizar de forma pormenorizada minha memória afetiva.
Pois é, como eu mesma já escrevi,
às vezes é preciso mudar a rota, o problema é não ter mapa nenhum para nos guiar nisso.
[E nem adianta procurar no porta-luvas.]
Não há caminho. A ponte está quebrada.
A placa diz: PARE!
Nem cartomante podia "me abrir os caminhos" agora.
Retorno e fico dando voltas...
[É massacrante dirigir para lugar nenhum.]
Penso no caminho de volta. De volta pra onde?
Para minha vida talvez?
Continuo o trajeto.
Não procuro mais atalhos pra voltar.
Sigo em frente e o percurso me dá tempo suficiente,
para atualizar de forma pormenorizada minha memória afetiva.
Pois é, como eu mesma já escrevi,
às vezes é preciso mudar a rota, o problema é não ter mapa nenhum para nos guiar nisso.
[E nem adianta procurar no porta-luvas.]
12 de setembro de 2011
11 de setembro de 2011
8 de setembro de 2011
3 de setembro de 2011
31 de agosto de 2011
29 de agosto de 2011
27 de agosto de 2011
Das coisas...
Das coisas idas, que podem mas não devem se prolongar sobre o presente.
Das coias boas, como afagos, brincadeiras e outras coisas já caídas em desuso.
Das coisas para poucos, como a pura expressão e a falta de disfarce.
Das coisas lindas, feito mural colocado acima da cabeceira da cama.
Das coisas solitárias, como uma xícara cheia sobre uma mesa vazia.
Das coisas especiais, como o cheiro que fica, mesmo quando a gente ou o outro vai.
Das coisas inesquecíveis, como lembranças encarnadas em cada lugar.
Das coisas doídas, como os passos indo embora e o meu silêncio.
Das coisas nossas, como as que enchem o peito de suspiros e a alma de sorrisos.
Das coisa úteis, como a loucura canalizada para arte.
Das coisas escritas, feito palavras apaixonadas pelo papel.
24 de agosto de 2011
18 de agosto de 2011
17 de agosto de 2011
16 de agosto de 2011
Na borda.
A inquietude do fundo do poço
é alvoroço
sem fim, sem começo,
só continuação...
Um querer falar que nos olha,
nos admite vastamente como às perguntas infantis.
Preciso da mente provocada,
da indignação pelo torpor.
Quero que o vazio
arda e queime
arda e queime
em todos os seus diálogos intextuais.
Não quero as certezas tirânicas
quero corroer pensando
quero o poço e todo seu símbolo.
14 de agosto de 2011
11 de agosto de 2011
10 de agosto de 2011
7 de agosto de 2011
Dissecando o pensar
pode ser coisa "doida" ou serena
apressando-se pelos ares,
com desejo de encadernar a tinta.
Boca sem corpo
protagonista dos anti-heróis
como todo nós,
com nossos demônios pessoais.
O costume por defesa, por sopetão
e não por vontade.
Eu não quero perder o assombro
não quero perder o silêncio,
nem o vulcão do risco.
As vezes é preciso desviar a rota.
5 de agosto de 2011
30 de julho de 2011
Em caso de incêndio - quebre o vidro!
Eram apenas alguns segundos
eu quis fugir,
mas precisava "salvar" alguma coisa.
Olhei para o livro lido pela metade;
pensei no escapulário,
lembrei de tudo que estava para chegar,
mas isso, eu não poderia levar.
Há visitas que abrem portas (eu lembro),
os segundos abriram várias.
Pensei em salvar a promessa,
mas ela já tinha se quebrado.
Foi preciso apenas alguns intantes
para perceber que,
eu tive muitas das coisas que eu quis,
mas poucas daquelas que preciso.
27 de julho de 2011
23 de julho de 2011
20 de julho de 2011
19 de julho de 2011
Há linhas em mim.
Arrisco falar com a escrita
escrevo no ar
pauta interior
suporte-papel
diálogo em estado líquido
letra silenciosa
porosa
vestigio sobrevivente
d.escrever-se.
ser-papel.
17 de julho de 2011
Queda livre
Sinto o vento.
O frio da barriga escorrega umbigo adentro.
Não caio pra fugir
Caio porque o vento é companhia
Porque tenho horror a paredes.
A queda acelera a ilusão
De que se o coração bater mais rápido, encontro a ti.
Nada cessa ao cair
Nada acaba ao partir.
Saltei seguindo com a vida
Passei só pra me despedir.
O frio da barriga escorrega umbigo adentro.
Não caio pra fugir
Caio porque o vento é companhia
Porque tenho horror a paredes.
A queda acelera a ilusão
De que se o coração bater mais rápido, encontro a ti.
Nada cessa ao cair
Nada acaba ao partir.
Saltei seguindo com a vida
Passei só pra me despedir.
16 de julho de 2011
12 de julho de 2011
7 de julho de 2011
5 de julho de 2011
Das revelações...
"(...) E você pode fazer revelações que lhe são muito difíceis
e as pessoas o olharem de maneira esquisita,
sem entender nada do que você disse
nem por que eram tão importantes que você quase chorou quando estava falando.
Isso é pior, eu acho.
Quando o segredo fica trancado lá dentro
não por falta de um narrador, mas de alguém que compreenda."
Stephan King
4 de julho de 2011
2 de julho de 2011
Nunca vi distância tão próxima.
Novamente eu te escrevi...
Como sempre faço, desde que te conheci.
Guardo-te sempre.
Em textos e memórias escritas pelos olhos.
Você é daqueles textos que releio quando encontro em meio a tudo.
Do tipo que paro no tempo e estaciono um sorriso nos lábios.
Gosto de ti de maneira indizível.
Mesmo assim, eu te digo: Gosto muito de ti.