29 de dezembro de 2019
26 de dezembro de 2019
Plácido
Quando entrei, era inércia.
Por intuição, em uma cadeira intitulada paciência:
eu esperei.
Havia muita reserva e com isso pouca conversa.
Percebi desde então,
o prazer subjetivo do silêncio e da confissão.
Tenho uma alma inquieta,
que não permite que eu me prenda,
ou me perca.
Dizeres fotográficos são registrados na vidraça do meu corpo,
onde para cada pelo,
há um arrepio de desejo voraz.
No movimento oscilante de ir para voltar,
eu fico.
Sou flauta tocando convívio doce.
Permaneço na escrita,
deixando em algum lugar - não sei onde,
tudo o que foi fragmentado.
E quanto a ti,
percebo que há algo de érotico na inteligência,
pois ela é,
despudoradamente atraente.
Traduzindo minha intenção em palavras,
eu digo:
queria que ao ler o que escrevo,
você se sentisse poesia.
22 de dezembro de 2019
20 de dezembro de 2019
Retirei os cadeados
Nunca me
agoniei com o escorrer do tempo, mas admito meu gosto pelo olhar envolvendo-se
com a memória. O inesperado me trouxe de volta à escrita. Escrever
histórias ou vivê-las? O que de fato quero que sobreviva através dos meus escritos? Combinei com as letras de arrumar os armários. Organizar o sentir sempre vale a pena, mesmo que o outro desconheça do que se trata nossa linguagem. Deixo de ser e sou a cada texto. Muitos rascunhos ficaram perdidos dentro da bolsa. Outros, ficaram pendurados nas chaves que esqueci na fechadura pelo lado de fora. Resolvi tingir o asfalto com os pneus da minha bicicleta. Dia de sol. Sem nenhuma nuvem de chuva no céu. Descobri que de fato, o "pecado" mora ao lado. É uma luxúria tipo escritos de Jorge Amado: "por fora água parada, por dentro uma fogueira acesa." Adorável de ler, sentindo.