27 de outubro de 2009

Ch[amado]




Chamo com palavras
 ouves?
Chamo com silêncio
 escutas?
Chamo com  poesia
 entendes?

 Chamando novamente estou.

Parâmetros



" É o outro que me dá referência
de que nem sou o anão dos meus pesadelos,
nem o gigante dos meus sonhos"

Além do visível


Foi assim que vi.
Além, bem além...

22 de outubro de 2009

Diálogo

Sentada na sala (xícara de café na mão)...
 Tomo a delicada providência de escutar meu coração.
 Penso, por absoluta necessidade de caminhar pelas idéias confusas e cheias de subtextos.
 O meu coração tem uma lucidez que me confunde, embora ele saiba o que faz.
Escuto uma música que já conheço, mas que sempre soa inédita.
A insônia marcou um encontro no sofá, com meu desencanto.
E ele, claro! Veio.
Na estante, os livros me olham como se reenvidicassem entendimento.
A sala torna-se apertada.
Os assuntos todos sentam-se no sofá.
Existem conversas inadiáveis [àquelas com nossa emoção].
Decido escutar.
Preciso me desfazer desse vazio, que preenche as coisas não preenchidas.
E nesse direito inviolável de sentir tudo,eu sigo.
Nada mais ficará implicito, não haverá lacunas ou ecos.
Enfim, depois de uma longa conversa o meu coração me entendeu...
No meu sentir, não cabe as tendências.
Onde estará o outro lado?
Onde estão àquelas mãos que conversavam com as minhas?
Não sei aí...
Mas ( in)ternamente te digo: amanhã tem sol aqui.

Templo

Quando voce tocar alguém, nunca toque só um corpo.

Quer dizer, não esqueça que você toca uma pessoa e que neste corpo está toda memória de sua existência.


Assim, quando voce toca um corpo, lembre-se que você toca um templo.


Jean-Yves Leloup

Êxito

Agir, eis a inteligência verdadeira.
Serei o que quiser. Mas tenho que querer o que for.
O êxito está em ter êxito, e não em ter condições de êxito.
Condições de palácio tem qualquer terra larga,
mas onde estará o palácio
se não o fizerem ali?

Fernando Pessoa

21 de outubro de 2009

DORmINDO

Se estou triste
procuro abrigo
durmo e me desligo.
Se vou indo
é pra me proteger,
não sei se de mim
ou de você.
Isso de ir e vir
de ficar e ir embora.
Shiii silencio!
não acorde
a saudade agora.

Flor em nós

Nascemos com flores dentro da gente,
a cada um cabe cultivar seu jardim.
É assim,
flor em você,
flor em mim.
*
Se vamos viver sementes,
ou tornar-nos girassóis...
Cabe tão somente,
a nós.
*
Flores têm cores, odores e chame,
estão em tudo, do nascimento ao adeus.
Homenagiando
aos meus.
e aos teus.
*
Rosas, orquídias e angélicas,
não há nada mais definitivo.
O amor em buquês
é criativo,
é afetivo.
*
**Em flor eu vivo**

Sem limitações

Não sabendo que era ímpossível, ele foi lá e fez.

Jean Cocteau


20 de outubro de 2009

Pescando luz


Se cada dia cai, dentro de cada noite,
há um poço
onde a claridade está presa.
há que sentar-se na beira
do poço da sombra
e pescar luz caída
com paciência.
*
Pablo Neruda (Últimos Poemas)

NorteANDO- te

Haverá bússola mais forte que o coração?


18 de outubro de 2009

Quieta

Que eu faça poesia mesmo dormindo...
Que eu durma fazendo sorrir...
Que meu sorriso acorde poema...
Que poetizando eu fale do sonho...
Que sem falar eu te cale com beijo...
Que beijando eu desperte tuas rimas...
Que rimando eu escreva meus versos...
De aquietar em ti.

Para refletir


" As pedras caminhavam pela estrada.
Eis que uma forma obscura lhes barra o caminho."

O que vocês acham que Drummond quis dizer com isso?
(risos...)

Registrado

Nem sempre se registra em árvores o sentimento. O registro em sua grande maioria fica na pele, nos lugares, no cheiro, nas músicas, nas fotos e em tudo que o pensamento pode trazer a memória. Sentir é mesmo assim, um compartilhar eternizado em nosso coração. Sobrepõe o tempo, o espaço e a vontade. Querendo ou não querendo quando menos se espera lá se está outra vez... Revivendo à presença que mesmo não sendo chamada, vem e fica. Faz-se presente sem explicar, o que nunca teve mesmo explicação. Colhe-se tudo o que transborda pelos olhos e mesmo assim, isso não esvazia o que os momentos (juntos) preencheram. Por mais que se tente escoar, parece haver uma represa que bloqueia e inunda de dentro pra fora. Não precisamos presentificar o que registramos. Para que ir buscar [o que não pode voltar...] Deixemos navegar no mar do nosso inconsciente, tudo o que deve ficar a deriva.

Força


"Acho que sou bastante forte para sair de todas as situações em que entrei, embora tenha sido suficientemente fraco para entrar."

Caio Fernando Abreu

14 de outubro de 2009

Porque também gosto de chá?


Sweetheart
Coração feito com folhas de chá branco,
quando submerso,
se abre em flor.

Boneca

Boneca do Atelier Tia Moça - Rio Grande do Sul.

10 de outubro de 2009

Romantismo...

"Preciso que me permita dizer-lhe que eu a admiro e amo ardentemente"

9 de outubro de 2009

Vai passar


Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está aí, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada "impulso vital". Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, par uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo como "estou contente outra vez". Ou simplesmente "continuo", porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloquentes como "sempre" ou "nunca". Ninguem sabe como, mais aos poucos fomos aprendendo sobre a contunuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicídio e nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidadmente, continuamos. E substituimos expressões fatais como "não resistirei" por outras mais mansas, como "sei que vai passar". Esse é o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência. Claro que no começo não terás sono ou dormirás demais. Fumarás muito, também, e talvez até mesmo te permitas tomar alguns desses comprimidos para disfarçar a dor. Claro que no começo, pouco depois de acordar, olhando à tua volta a paisagem de todo dia, sentirás atravessada, não sabes se na garganta ou no peito ou na mente - e não importa - essa coisa que chamarás com cuidado, de "uma ausência". E haverá momentos em que esse osso duro se transformará numa espécie de coroa de arame farpado, sobre tua cabeça, em garras, ratoeira e tenazes no teu coração. Atravessarás o dia fazendo coisas como tirar a poeira de livros antigos e velhos discos, como se não houvesse nada mais importante a fazer. E caminharás devagar pela casa, molhando as plantas e abrindo janelas para que sopre esse vento que deve levar embora memórias e cansaços.
Contarás nos dedos os dias que faltam para que termine o ano, não são muitos, pensarás com alívio. E morbidamente talves enumeres todas as vezes em que a loucura, a morte, a fome, a doença, a violência e o desespero roçaram teus ombros e os de teus amigos. Serão tantas que desistirás de contar. Então fingirás - aplicadamente, acreditar que no próximo ano tudo será diferente, que as coisas sempre se renovam. Embora saibas que há perdas realmente irreparáveis e que um braço amputado jamais se recostituirá sozinho. Achando graça, pensarás com inveja na lagartixa, regenerando sua própria cauda cortada. Mas no espelho cru, os teus olhos já não acham graça. Tão longe ficou o tempo, esse, e pensarás, no tempo, naquele, e sentirá uma vontade absurda de tomar atitudes como voltar para casa de teus avós ou de teus pais ou tomar um trem para algum lugar desconhecido ou telefonar para um número qualquer ( e contar, contar, contar) ou escrever uma carta tão desesperada que alguém se compadeça de ti e corra a te socorrer com chás e bolos, ajeitando as cobertas à tua volta e limpando o suor frio de tua testa.


Caio Fernado Abreu.

7 de outubro de 2009

Selo Vórtice

Este selo foi criado para presentiar os emocionantes blogs que sigo nessa blogosfera.

Portanto, fiquem a vontade em levá-lo, pois ele foi feito ESPECIALMENTE PARA VOCÊS!!

Beijos angelicais a todos.

+ou -

Gostar é mais ou menos assim:


É quando a gente se interessa mais pelo que o outro diz, do que pelo nosso próprio assunto.
Quando havendo motivos [ou não] esperamos que em algum dia improvável, o telefone toque.
É quando a boca do outro nos aquieta a alma, sem nada dizer.
Quando tememos que o sonho morra, tornando-se realidade.
É quando decodificamos a solidão e conhecemos o encontro.
Quando olhamos para a porta e ela não significa mais partida e sim, chegada.
É quando a comodidade de ficar, tranforma-se na necessidade de ir [juntos].
Quando a indefinida entrega é percebida como revelação e certeza.
É quando a letra, sílaba e palavra, encontram motivos para tornarem-se texto.
Quando o desespero da saudade nos deixa isone e ainda assim, é bom sentir.
É quando a subjetividade repleta de histórias, reúne, ao invés de separar.
Quando seguir de mãos vazias não importa, porque o que precisamos, já está conosco.
 

4 de outubro de 2009

Sentido único.


Sou mais riso do que boca
Sou mais gosto que desgosto
Sou mais cheiro do que pele
Sou mais sentir do que pensar
Sou mais música que ouvidos
Sou mais enxergar do que ver
Sou mais ler do que vagar
Sou mais mãos que contra-mãos.